PORTO ALEGRE - Um dia antes de ser executado, o então secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, esteve na sede da Polícia Federal para esclarecer fatos sobre a atuação do Instituto Sollus, que prestou serviço à prefeitura de Porto Alegre no gerenciamento dos postos de saúde e teria desviado R$ 9 milhões dos cofres da prefeitura. Informalmente, ele contou à PF que havia cometido um assassinato. De acordo com o advogado Marcelo Bertolucci, que esteve junto com Eliseu no depoimento à Polícia Federal, o homicídio no qual o ex-secretário se referiu ocorreu há 25 anos, durante uma briga de trânsito. Ele estava no carro, junto com a ex-mulher, e foi atacado por um homem com uma barra de ferro, depois de uma discussão. Na época, a Justiça entendeu que Eliseu Santos agiu por legítima defesa.
O delegado Ranolfo Vieira Júnior, que já ouviu 15 pessoas na tentativa de esclarecer o crime. Nesta terça feira, o Ministério Público Estadual também repassou informações sobre as ameaças que o Secretário informou que havia sofrido. Elas serão verificadas.
Eliseu Santos foi assassinado com dois tiros na noite de sexta-feira, quando saía de um culto religioso, no bairro Floresta, em Porto Alegre. A polícia gaúcha procura em Sapucaia do Sul e no Vale do Sinos os três suspeitos e os veículos usados no crime.
Eliseu foi assassinado diante da mulher e da filha de 7 anos. Eliseu, que tinha porte de arma, reagiu à abordagem e trocou tiros com os bandidos, que integrariam uma quadrilha de ladrões de carros. Dois deles teriam ficado feridos - um, atingido nas nádegas e outro, nas pernas. Na fuga, a dupla teria sido atendida no hospital de Esteio ou de Sapucaia do Sul, alegando ter sofrido um assalto.
Depois, eles teriam incendiado o veículo que usaram para chegar e sair do local do crime - um Astra ou um Vectra -, do qual a polícia tem conhecimento de parte dos números da placa.
Na sexta-feira, ao constatar que pelo menos um dos assassinos de Eliseu havia sido baleado, a polícia emitiu um alerta para hospitais da Região Metropolitana para que avisassem sobre a eventual entrada de feridos a tiro. O hospital por onde passou a dupla teria sido o único a ficar de fora do alerta por motivos ainda não explicados.
A polícia não dispõe dos nomes dos bandidos, mas sabe que um deles seria namorado de uma auxiliar de enfermagem. Existe a suspeita de que ela tenha ajudado a socorrer os criminosos e tratado os ferimentos deles após a dupla deixar o hospital. Os agentes também tentam localizar a mulher, assim como profissionais de saúde que já responderam a inquéritos policiais por atenderem de forma clandestina bandidos feridos.
Dois dos bandidos foram reconhecidos por fotos. Para a polícia, eles pertencem a uma quadrilha de roubo de carro. Uma das vítimas de assalto disse que a dupla que levou seu carro tem as mesmas características de dois que atacaram o secretário. O carro desta vítima, um Astra, havia sido roubado na noite anterior e foi usado no crime. Imagens de câmeras de vigilância instaladas nas ruas próximas ao local do crime também estão sendo analisadas.
http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2010/03/03/secretario-assassinado-em-porto-alegre-depos-na-sede-da-pf-um-dia-antes-do-crime-915978841.asp
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